Latbus 2024 reúne modelos de ônibus inéditos munidos com as últimas tecnologias e produtos inovadores do setor 4w315s

Foto: Barbara Kierme

Evento também apresentou uma série de palestras esclarecedoras sobre os rumos do transporte coletivo

ADAMO BAZANI

ROSA M. SYMANSKI

Um desfile de novos modelos de ônibus com múltiplas inovações a bordo, tecnologias disruptivas ligadas à mobilidade, além de apresentações de cases de negócios inéditos no mundo dos transportes, fizeram da capital paulista a maior referência do setor na LatBus 2024. Paralelamente ao evento, conferências com especialistas renomados apresentaram desde modelos inovadores de negócios no setor a até as últimas novidades da descarbonização, entre outros temas.

Estimativas preliminares indicam que cerca de 20 mil pessoas encheram os corredores do Expo São Paulo, nos dias 6,7 e 8 de agosto. A LatBus 2024 teve mais de 150 marcas em exposição e visitantes de 28 países. Gigantes do setor de ônibus apresentaram os seus últimos lançamentos, presenteando o público com veículos equipados com tecnologias de última geração.

A começar pela Mercedes-Benz com o modelo eO500UA, lançado na feira, ocasião em que ocorreram as primeiras negociações de 105 unidades para a capital paulista. A fabricante alemã também apresentou o modelo OF 1619 L, de 16 toneladas, que agora recebe suspensão pneumática. Com isso, toda a linha de motores dianteiros a a ter esta opção que, segundo a Mercedes-Benz, oferece maior conforto e menos custo de manutenção.

Outra novidade do conglomerado alemão foi o LO 1116- Micro-ônibus com maior capacidade e PBT de 1,4 tonelada a mais. Para carrocerias entre 9,2 e 10,4 metros, permite transportar entre 15 a 20 ageiros nas aplicações urbanas e ter entre 4 e 8 assentos nas aplicações rodoviárias.

Marcando forte presença no evento, a Marcopolo apresentou nove modelos no evento com as marcas Marcopolo e Volare. Com a marca Marcopolo foram cinco modelos: o novo Viaggio G8 1050, Paradiso G8 1200, Paradiso G8 1350 e Paradiso G8 1800 DD, todos rodoviários, e o urbano Attivi Integral 100% elétrico, com uma inédita e inovadora configuração interna. A Geração 8 já registra a marca de mais de quatro mil unidades comercializadas, desse total, 2.150 são do modelo Double Decker. Além disso, 850 foram destinados para o mercado internacional. O sucesso dos ônibus desta categoria se deve a fatores como a renovação das frotas por parte das empresas rodoviárias, que buscam o aumento de conforto e segurança para os ageiros. “O sucesso da Geração 8 no Brasil e no exterior é uma realidade. Estamos focados e trabalhando para lançar os modelos G8 na maioria dos mercados nos quais atuamos, inicialmente com a produção no Brasil, agora no México e Colômbia, e exportação para países como a África do Sul, onde recentemente reunimos nossos clientes e parceiros para evento de lançamento”, afirma André Vidal Armaganijan, CEO da Marcopolo.

A Busscar, por sua vez, apresentou o modelo de ônibus de dois andares que integra a linha de produtos denominada NB1: o Panorâmico DD NB1. A fabricante também anunciou que ao longo de 2025, serão lançados os modelos LD (Low Driver, com amplos bagageiros) e 385 da família NB1 .

Na BYD, o destaque ficou com o primeiro ônibus articulado D11B desenvolvido para a cidade de São Paulo e um chassi de D9W.

A Volare, fabricante de ônibus leves da Marcopolo apresentou diversos modelos: o Micro-ônibus híbrido (elétrico + etanol): Attack 9 HVE; o“Super Micro”: Fly 12, com capacidade para 45 ageiros; o Micro-ônibus para operações severas: Attack 8, e o Escolar e fretamento: Attack 10.

O diretor de Operações Comerciais Mercado interno e Marketing da Volare, Ricardo Portolan, disse que diferentes segmentos precisam de modelos específicos. Não basta fazer um único modelo para tudo. É necessário responder às mais variadas exigências e os lançamentos vão atender necessidades que até então não eram plenamente contempladas.

A Eletra Industrial anunciou o lançamento de três modelos de chassis de ônibus elétricos de marca própria. Os veículos serão de 12, 15 e 21,5 metros. O primeiro modelo, que já deve estar rodando experimentalmente em setembro é o articulado de 21,5 metros.

A revelação foi feita pela diretora executiva da empresa, Iêda Oliveira, ao Diário do Transporte, na Lat.Bus 2024. Existem vantagens neste modelo de produção. A fabricação é mais rápida, pelo fato da logística ser mais eficiente. Além disso, o custo total do ônibus tende a cair”, afirma.

A Irizar, por sua vez, apresentou como novidade da marca na Lat.Bus 2024, o i6s Efficient para o mercado brasileiro e toda a América Latina. O modelo, comercializado na Europa há dois anos, recebeu adaptações para a realidade operacional do Brasil e países vizinhos. A fabricante quer atender um segmento de linhas rodoviárias e de fretamento em que é necessário oferecer alto conforto, com redução de custos operacionais em trajetos, inclusive que exigem um gasto maior de diesel por duas características operacionais e topográficas.

Segundo a Irizar, o coeficiente aerodinâmico foi reduzido em 30%. O peso também foi reduzido com a adoção a um tipo de aço mais resistente e mais leve.

A Volvo, por sua vez, anunciou que quer tornar a planta brasileira de Curitiba exportadora de ônibus elétricos para a América Latina. Os veículos que devem ser produzidos no Paraná a partir de 2025, foram apresentados no evento: o Padron BZR 4×2 para carrocerias de até 13,5 metros com capacidade para 90 ageiros e o BZRT nas versões articulada e biarticulada que, na configuração maior, pode ter 28 metros de comprimento e transportar até 250 ageiros.

O presidente da Volvo Buses na América Latina, André Marques, afirmou que serão produzidas no Brasil a partir de 2025, diferentes versões do modelo.

O BZR pode ser de piso alto, com degraus, ou piso baixo com rampa na porta de entrada, denominado BZRLE (Low Entry). “Trata-se do mais recente lançamento global da Volvo Buses, com tecnologia de ponta. O chassi foi apresentado há poucos meses, na Europa, e já estamos disponibilizando em nosso mercado. Em 2025 temos planos de iniciar a produção deste modelo nas suas diversas versões em nossa fábrica de Curitiba”, explicou Marques.

Inúmeros destaques foram apresentados pela Volkswagen na Latbus 2024. Como, por exemplo, o novo modelo de chassi de ônibus 18.320 SH para operações de fretamento rodoviário com ônibus de piso alto, o maior da marca neste segmento. A suspensão é 100% pneumática e o chassi é equipado com motor 6,9 litros, 320 cv de potencia e 1200 Nm de torque. A transmissão automática tem oito velocidades. O chassi pode receber carrocerias de ate 14 metros.

Outro destaque foi o 18.320 L para aplicações urbanas de piso baixo que amplia o portfolio da marca nesse segmento. O veiculo também possui suspensão pneumática. A fabricante também destacou o 22.260 S de 15 metros, que está em nova versão. O veiculo tem uma capacidade para 22 toneladas e pode receber ate 115 ageiros. A Volkswagen também fez o lançamento oficial do seu modelo de ônibus elétrico para o Brasil. Trata-se do e-Volksbus 22L.

Vendas  4n115p

A tradição da LatBus como um importante polo de negócios no setor de ônibus ficou evidente nesses dias de realização da feira. A Scania, por exemplo, divulgou de forma exclusiva ao Diário do Transporte, o balanço parcial de vendas na Lat.Bus 2024. Até a tarde de quinta-feira, 08 de agosto, ao menos 100 chassis de ônibus foram comercializados.

De acordo com o gerente de Vendas de Soluções em Mobilidade da Scania Brasil, Gustavo Cecchetto, todos os modelos de ônibus rodoviários tiveram vendas na feira, mas novamente o sucesso foi a plataforma de três eixos K410 6×2.

Outro anúncio importante foi feito pelo secretário de Mobilidade Urbana de Porto Alegre, Adão de Castro Junior, em entrevista à aliança jornalística Diário do Transporte/Podcast do Transporte/OTM. Segundo ele, a Prefeitura de Porto Alegre (RS) vai dar início a um projeto para que a cidade tenha BRTs (Bus Rapid Transit) operados integralmente com ônibus elétricos.

Castro disse que a cidade já tem corredores de pavimento rígido, que a prefeitura trabalha na ampliação destas estruturas e já na modelagem de um novo sistema de linhas e terminais. Os ônibus devem contar com eletroterminais para a recarga de baterias. Serão quatro estruturas deste tipo.

O setor de produtos apresentou ampla oferta de novidades. A Transdata, por exemplo, demonstrou o “super aplicativo” AtlasMob + ABT. Além de oferecer todas as funções de cadastro e soluções que facilitam a rotina dos ageiros, o aplicativo também integra o recurso de carteira digital (ABT).

A Marcopolo, por sua vez, teve como destaque uma configuração renovada de ar-condicionado para ônibus rodoviários, em especial para os modelos de dois andares, os DDs (Double Decker). Uma das características da tecnologia é o “dual zone”, que permite que o motorista selecione uma temperatura para seu posto de trabalho e outra temperatura para as áreas dos ageiros, no primeiro e segundo andares.

A Empresa 1 apresentou várias soluções tecnológicas de última geração, entre elas, o Validador Embarcado Sigom SPX800. Além de descontar a tarifa ou confirmar o pagamento, a solução oferece funcionalidades adicionais como gestão de frota e recolha de dados de distância, tempo e localização. Outra inovação foi apresentada pela By Solution, empresa que se dedica ao desenvolvimento de soluções através do uso inteligente da tecnologia que fez demonstrações sobre o uso da Inteligência Artificial (IA) no transporte.

Perda de ageiros 4a5e4

Durante a conferência da NTU foi apresentada a Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana, que apontou diminuição significativa no percentual de pessoas de usuários de ônibus. Neste ano de 2024, o quantitativo é 14,3 pontos percentuais menor na comparação com 2017, quando a parcela que utilizava esse veículo era de 45,2%. Nesse mesmo sentido, o uso do metrô reduziu de 4,6% para 4,2%.

Segundo a CNT, entre os fatores que podem ter influenciado a queda, estão o aumento da utilização do carro próprio, que ou de 22,2% para 29,6% no período, e a obtenção de moto própria, que também teve um salto significativo. A utilização desta mais que duplicou, saltando de 5,1% para 10,9% em sete anos.

Outro dado revelador é que os aplicativos de transporte têm “roubado” parcelas cada vez maiores de ageiros de ônibus, trens e metrôs. De acordo com o levantamento, que ouviu 3.117 pessoas, em 319 municípios com mais de 100 mil habitantes, de 18 de abril a 11 de maio, entre 2017 e 2024, a modalidade de aplicativos, dentro do grupo de viagens realizadas em veículo particular, teve uma evolução expressiva neste período de sete anos, ando de 1,0%, em 2017, para 11,1%, em 2024.

Descarbonização 464s1g

Durante o debate da NTU foi feito o alerta de que o Brasil é um dos maiores emissores de gases de efeito estufa do mundo. E que 70% das emissões são feitas por transporte particular, que não transporta nem 30% da população total. Francisco Scroffa, CEO da Enel X, observou que “a transição para um sistema de transporte mais limpo e eficiente é essencial para alcançar os objetivos de redução das emissões e promover uma mobilidade urbana sustentável”.

Ieda Maria, diretora executiva da Eletra, por sua vez, observou, durante a sua exposição, que os ônibus elétricos são uma solução crucial para enfrentar os desafios da mobilidade urbana e da sustentabilidade ambiental. “Eles oferecem uma série de benefícios, desde a redução das emissões de poluentes e gases de efeito estufa até a eficiência energética e a melhoria da qualidade de vida nas cidades. A adoção crescente dessa tecnologia pode transformar o transporte público, tornando-o mais limpo, eficiente e atraente para os usuários, ao mesmo tempo em que contribui para um futuro mais sustentável e saudável para todos”, pontuou.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Rosa M. Symanski, especial para o Diário do Transporte

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