História

VÍDEO: Rouxinol, de MG, restaura ônibus raro de 1959 mantendo tradição de resgate e preservação da memória dos transportes – VEJA DEZENAS DE FOTOS 39495h

Modelo com carroceria Metropolitana e chassis Mercedes-Benz marca profissionalização da indústria e dos transportes coletivos no Brasil. Restauração foi considerada impecável e é mais um ato de paixão do empresário Júlio Cézar Diniz pela história da mobilidade

ADAMO BAZANI

Colaborou Arthur Ferrari

A empresa de transportes de ageiros Rouxinol, de Minas Gerais, tradicional por investir na restauração de ônibus históricos, deu mais um o e se superou.

Após cinco anos de trabalho deu “nova vida” a um veículo que pode ser considerado uma relíquia na memória dos transportes brasileiros e da indústria automotiva instalada no País: um ônibus, tipo “jardineira”, de 1959, com carroceria Metropolitana e chassis Mercedes-Benz – OM-321 de (120-HP). – MAIS ABAIXO VOCÊ VÊ O VÍDEO E DEZENAS DE FOTOS, MAS É IMPORTANTE LER ANTES.

A estreia da restauração foi neste mês de fevereiro de 2025 e, cada detalhe do ônibus chama a atenção pelo cuidado em seguir fielmente as características originais.

Desde os parafusos cromados nas rodas às costuras impecáveis do estofamento dos bancos e características curiosas, como a palavra “PARE” nas duas lanternas de freio traseiras revelam muito mais que design de uma carroceria, mas aspectos culturais de uma época que marcou o início da profissionalização de fato da indústria de ônibus e dos transportes coletivos brasileiros.

Revela também o momento em que o Brasil deixava de ser predominantemente agrário e ava a ser urbano, mas com a infraestrutura se implantando aos poucos. Por isso, os ônibus tinham de ser fortes, robustos, que enfrentavam vias de terra e atoleiros, mas sempre buscando conforto. Um contraste bom dessas duas realidades eram os bancos estofados e macios e, ao mesmo tempo, a escada traseira para o compartimento de carga sobre o teto.

Os coletivos faziam o papel de ônibus e caminhão. As pessoas se deslocavam para mudar de casas e também a entrega de mercadorias crescia. Ter compartimento de objetos era essencial. Os “empresários de ônibus”, que na maior parte das vezes tinham um veículo apenas e atuavam como motoristas e mecânicos também, transportavam pessoas e cargas.

Mas não era somente isso que carregavam em seus robustos veículos. Em cada viagem, uma esperança de vida melhor que os ageiros levavam no coração e mentes. Por isso, na traseira do ônibus restaurado está a frase que é slogan da Rouxinol: TRANSPORTANDO SONHOS, UNINDO PESSOAS.

A restauração é mais ação do proprietário da Rouxinol, Júlio Cézar Diniz, que já trouxe vida a outros modelos históricos como Ciferal Papo Amarelo, ano 1966; Ciferal Rodonave, ano 1972; e um monobloco Mercedes-Benz O-355, ano 1976, que foram expostos no evento Confraria do Ônibus, na cidade de Pará de Minas, em Minas Gerais, em 29 de julho de 2017, que teve cobertura no local pelo Diário do Transporte.

Relembre:

/2017/07/30/confraria-do-onibus-historias-humanas-por-meio-das-maquinas/

O ônibus traz, além do nome da Rouxinol, outros negócios que marcam a trajetória da família de Júlio Cézar na vida empresarial, como a REX Cafés do Brasil, empresa especializada na produção e comercialização de café 100% Arábica; a Sudoestino, empresa de ônibus que opera entra as principais cidades do sudoeste de Minas Gerais os, Piumhi, Capitólio, Furnas, Itaú de Minas, São João Batista Gloria e Delfinópolis; além da MAXIM, que faz gestão de Mobilidade e Custos.

O memorialista Carlos Asa, de Taubaté, no interior paulista, é amigo de Júlio Cézar, fez a consultoria técnica para a restauração e enviou ao Diário do Transporte um resumo das curiosidades, dificuldades, descobertas e da sensação de conquista com os trabalhos:

                                Este magnífico exemplar do ano de 1959 único dono que foi adquirido pelo Sr.Julio Cesar Diniz da Rouxinol em meados de 2019 em ótimas condições de conservação nem precisava ser restaurado, porém o famoso padrão de qualidade Rouxinol exige um nível de restauração até mesmo com certo glamour, afinal de contas Metropolitana é uma carroceria carioca, com chassi descendentes de europeus estamos ainda no mês de fevereiro que é digno de proza & poesia.com a cara dessa moça ….‘’’’A MINHA ALEGRIA ATRAVESSOU O MAR E ANCOROU NA ARELA FEZ UM DESEMBARQUE FASCINANTE NO MAIOR SHOW DA TERRA SERA QUE EU SEREI O DONO DESSA FESTA UM REI NO MEIO DE UMA GENTE TÃO MODESTA, EU VIM DESCENDO A SERRA CHEIO DE EUFORIA PARA DESFILAR O MUNDO INTERIO ESPERA HOJE DIA DE UM TORPEDINHO EAR’’’..(Caetano Veloso 1983).

                              Este Torpedinho não anda, ele desfila, mas para chegar neste nível foram 5 anos de estaleiro foi desmontado inteiro ninguém queria acreditar, mas a ordem era pra desmontar completo, tudo mesmo deixaram o carro só no estrutura (esqueleto), tiraram todas chapas todas janelas, todo assoalho, desmontaram toda mecânica item por item, removeram toda tinta do chassi, trocaram todas travessas, todas colunas retrabalharam toda estrutura, pintaram o chassi começaram embuchar todos molejos trocaram todas montanheiras, todos jumelos, grampos de mola, não sobrou nada, embucharam o eixo dianteiro, trocaram todos rolamentos dos cubos de roda lonas de freio, cilindros de freio, servo freio, revisaram os tanques de ar, todas válvulas, todo encanamento, o diferencial completo, trocaram todas cruzetas de cardan, rolamentos de centro, adaptaram direção hidráulica, revisaram motor cambio, embreagem, e todo sistema de injeção, trocaram o tanque, pintaram todo chassi rodas motor trocaram todas mangueiras montaram o carro só no esqueleto funcionaram andaram testaram, depois voltaram com o carro para o estaleiro de novo e começou a luta na carroceria, trocaram todo assoalho todas chapas mandaram frisar colocaram as chapas montaram com parafusos auto travantes, rebites, e tudo montado com massa de vedação, mantas antirruído, poliuretano expandido, foram fabricados todos quadros de janela novos tipo guilhotina , pintura nem é necessário comentar (é só olhar) as chapas frisadas poderiam ter sido escovadas (polidas), mas o Sr. Julio Cezar não acha bonito, preferiu pintar, no mesmo sistema dos antigos Cometa ao invés de polir aplica-se o famoso (Prata Lunar), foram trocados todos os vidros todas borrachas, toda instalação elétrica todos pneus, foi feito um bagageiro de teto e escada totalmente em aço inox, bem como foi trocado todo revestimento interno toda tapeçaria, e finalizado com molduras de aço inox, o carro foi todo higienizado. O ônibus vai para participar dos encontros de carros antigos, mas depois de uma trabalheira dessas, dá até medo de sair na rua e chover na hora.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários 372s54

  1. Santiago disse:

    Parabéns à Rouxinol, por essa verdadeira máquina do tempo!!!
    Literalmente voltou a ser um zero-km!

    E parabéns ao Diário do Transporle por brindar-nos com mais uma excelente matéria de história e memória!

  2. Eduardo Monteiro disse:

    Lindíssimo!!!

  3. Evaristo H. Ferreira disse:

    Sensacional!!!!
    Ah se cada empresário se dignasse a preservar pelo menos um!!.

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