Campina Grande (PB) detalha em livro como produziu uma revolução na mobilidade 614g3o

Publicado em: 12 de junho de 2025 i68n

Compromisso e inovação contínua: obra lançada na 121ª Reunião do Fórum Nacional de Secretários de Transporte e Mobilidade Urbana detalha trajetória pioneira da cidade em planejamento urbano e na criação de um sistema mais eficiente e ível

ALEXANDRE PELEGI

Um livro foi destaque no primeiro dia da 121ª Reunião do Fórum Nacional de Secretários de Transporte e Mobilidade Urbana, realizado em Campina Grande, na Paraíba, nesta quarta-feira, 11 de junho de 2025.

A obra detalha a transformação significativa da mobilidade urbana por que ou o município do interior paraibano, e que acabou por construir uma cidade mais eficiente, ível e integrada às necessidades da população.

Intitulado “Campina Grande: A Revolução da Mobilidade Urbana na Era da Inteligência Artificial“, o livro é a materialização de uma história de sucesso e é destinado a especialistas, pesquisadores e gestores públicos responsáveis pela tomada de decisão.

O trabalho foi idealizado pelo Fundo Financeiro para Desenvolvimento da Bacia do Prata (FONPLATA), um banco de desenvolvimento cuja missão é apoiar a integração e o desenvolvimento inclusivo e sustentável de seus países membros – Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai, e surge da execução de um projeto de mobilidade e desenvolvimento socioambiental em Campina Grande. Diferentemente de um manual de ferramentas ou inovações tecnológicas isoladas, a obra conta a história de como a cidade, há cerca de 15 anos, se propôs a revolucionar sua mobilidade urbana, entendendo as decisões e as consequências de cada processo.

A professora Leise Kelli de Oliveira, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), uma das autoras da obra, destaca o privilégio de contar essa história, observando que Campina Grande possuía uma base de dados extensa, analisada e, em vários casos, com iniciativas implementadas. Ela afirma, ainda, que a cidade “dá um show” em planejamento de transportes realizado por uma equipe técnica capacitada.

Um dos pontos centrais da narrativa é a mudança de paradigma, onde a mobilidade urbana deixou de ser vista como um simples custo operacional para ser assumida como um investimento estratégico em desenvolvimento urbano, inclusão social e qualidade de vida. Essa visão de futuro e a coragem do gestor foram cruciais para enfrentar desafios históricos e resistências institucionais, sempre priorizando a coletividade. Como descreve a professora, o que a marcou foi a existência de uma equipe apaixonada pelo que fazia, além de persistente e resiliente, sendo necessários muitas vezes se reinventar. O comprometimento com a mobilidade urbana e o transporte é uma palavra-chave. Um exemplo notável dessa persistência é a criação da fábrica de semáforos na própria cidade, que a pesquisadora inicialmente duvidou: “Não, vocês estão brincando, né? Isso não é verdade”, demonstrando a capacidade local de superar obstáculos.

A obra também explora como Campina Grande evoluiu nos temas de tecnologia, fazendo o planejamento tradicional da mobilidade urbana utilizando big data e análise preditiva. Esse processo envolveu a incorporação meticulosa de ferramentas tecnológicas nos processos de planejamento urbano. A cidade foi pioneira na implementação de sistemas de monitoramento como GPS em ônibus, como Araci Brasil, gerente de operação e fiscalização de transportes da STTP relatou. Campina Grande se destaca por ter sido uma das sete cidades do país a entregar seu plano de mobilidade dentro do prazo de 36 meses, aprovando-o e tornando-o lei.

O objetivo do FONPLATA com esta publicação, conforme explicita Carol Benítez, especialista em projetos de infraestrutura do banco, é disponibilizar a informação para as cidades, fomentando discussões sobre como utilizar dados de inteligência artificial e big data para complementar as ferramentas tradicionais de planejamento da mobilidade urbana. A experiência de Campina Grande demonstra que é possível criar um ciclo virtuoso onde o subsídio ao transporte público gera melhorias no sistema, conforme apontou Renata Machado, coordenadora técnica da Planum/Bus2. A frota aumentou e foi renovada, a oferta foi ampliada e foi implantada tarifa zero em dias específicos, sempre a partir da análise dos dados. O processo foi um ponto de virada, vinculando o subsídio às melhorias do sistema de transporte público, com consequente melhor percepção da qualidade do serviço pela população.

O lançamento deste livro é, de acordo com a professora da UFRGS, um convite para que outras prefeituras criem o comprometimento com o planejamento dos transportes, pois “o que aconteceu em Campina, tem potencial pra acontecer em outras cidades”, construindo uma mobilidade mais justa e inteligente. Este processo contínuo de inovação exige uma força-tarefa multidisciplinar e visão de futuro dos gestores. O Secretário de Finanças de Campina Grande, Gustavo Braga, enfatiza que a história a principalmente pela coragem do gestor de enfrentar os desafios, enfrentar as dificuldades existentes e elencar prioridades. Gustavo Braga cita a visão do prefeito Bruno Cunha Lima: “Se tiver de escolher e beneficiar um setor ou uma pessoa em detrimento à população, a decisão já está tomada”.

SERVIÇO

Título: Campina Grande: A revolução da mobilidade urbana na era da inteligência artificial

Coordenação geral
Carolina B. Benítez / FONPLATA – Banco de Desenvolvimento. Vice-Presidência de Operações e Países.

Equipe investigadora
Leise Kelli de Oliveira
Renata De Filippo Machado
Gustavo Wagner Nunes Balieiro
João Leonardo Nunes Balieiro

Equipe da Superintendência de Trânsito e Transportes Públicos (STTP) e da Prefeitura
Araci Brasil Leite De Arruda Câmara
Hélder Barros Carlos
Helen Karolynne de Moura Barbosa
Natany Letícia de Oliveira Félix Batista
Vinicius Carneiro

Desenho editorial
Joana de Souza Lima

Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes